domingo, 21 de dezembro de 2008

O que é ser alguém?

Fico muito revoltada quando penso sobre o que é ser alguém no mundo de hoje, especialmente para os jovens.

Pense um pouco. O que é de alguém que não tem um celular, não tem internet banda larga, não tem aquele maldito orkut (eu falo mal, mas eu mesma uso)? Nesse mundo você só é alguém se tem esses itens mais que necessários. Além disso, quando um belo jovem em uma festa fica com uma bela jovem, o assunto se encerra da seguine maneira: "Me passa seu celular. Tem orkut, msn? Amanhã te ligo." e então sai, beija outra garota (o mesmo acontece com as meninas) e o assunto se encerra da mesma forma. O pior de tudo é quando uma das partes não tem orkut-msn-celular-fotolog-blog-flickr-cachorro-violão (ahan, viajei); quando isso acontece, esteja certo que o outro não ligará. E saiba o motivo: ou você é uma pessoa aparentemente culta demais para isso, ou "paga" de cult-alternativo, ou é apenas um revoltado que quer ser contra o mundo.

O que me incomoda não é somente isso. É a apelação pela vulgaridade. É aquele que odeia beber ficar bêbado, ser a estrela da noite, porque assim ele será alguém. É a menina transar com três de uma vez porque dessa forma ela terá algo para contar para as amigas, algo que faça ela ser especial. É aquele que odeia funk "quebrar até o chão" porque é aquilo que o faz ser aceito pela sociedade. É fumar, se drogar, beber porque está na moda. É ficar feliz ao tirar uma péssima nota no colégio, porque assim ele será o rebelde da turma e terá vários seguidores.

Os jovens têm essa característica de buscar ser singular, ser diferente dos demais. Por isso vejo (não sei se "vemos"; duvido que muitas outras pessoas perderiam tempo observando essas coisas) tantos procurando formas alternativas de se afirmar: vestir-se de preto e ouvir metal; usar uma franja melosa e ouvir emocore; beber e se drogar até quase morrer. Tudo bem, aceito isso. Só não posso aceitar o fato de hoje ser ridicularisado aquele que busca esse refúgio nos livros, no cinema, em uma conduta discreta. Ele será ridicularisado, visto como nerd e motivo de piadas. No entando, ele é o único que de fato está sendo peculiar, seguindo o que lhe agrada e não seguindo uma "norma de como ser diferente". Todos os outros acabam por se igualar nessa tentativa de serem diferentes.

Ok, ok, ok. Sabe o que me deixa mais triste ainda? É saber que, na maioria dos casos, aqueles que valorizam a sabedoria serão os perdedores do futuro, continuarão sendo os nerds sem vida social (pelo menos é o que pensam aqueles que os observam). Isso porque "o mundo é dos espertos", o que não quer dizer que é dos inteligentes ou sábios.

Sim, sou uma idosa chata, como já havia dito. Talvez essas coisas não devessem me incomodar. Muitos, se lerem esse texto, pensarão: "Puxa, vá cuidar da sua vida, vá se divertir.". A questão não é essa. A questão aqui é que me preocupo com o futuro. Como será a sociedade? E é aqui que deixo minha revolta com a educação, especificamente, brasileira. Vamos estudar (o que é bastante diferente de ir à escola ou se graduar em um curso que te dará muito dinheiro no futuro).

2 comentários:

  1. Ser nerd, cult, alternativo também é "modinha" de vários pontos de vista. Mas acho que entendi o que tu quis dizer, tu revolta é contra as pessoas que fazer as coisas não porque querem, mas para se encaixar em algum padrão socialmente aceito, acertei? Também acho ridículo, mas como quem perde a espontaneidade como isso são eles, então eu sigo caminhando e cantando :)
    Gostei do texto

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  2. Palmas! Não poderia ter um melhor presente de aniversário do que encontrar alguém que pense como eu. Meus parabéns e muito obrigado. :)

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